Ciclone destrói parte da plataforma marítima de Atlântida e agrava cenário de abandono

Os ventos intensos provocados por um ciclone extratropical que atingiu o Rio Grande do Sul na segunda-feira, 28, causaram o desabamento de um trecho da plataforma marítima de Atlântida, em Xangri-Lá. Cerca de 25 metros da estrutura ruíram com a força do vendaval, escancarando o estado crítico de conservação de um dos pontos turísticos mais tradicionais do Litoral Norte gaúcho.

A plataforma, construída em 1975 e com 280 metros de extensão sobre o mar, já estava interditada desde 2023 por risco de colapso estrutural. Um laudo técnico da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) havia alertado para danos em uma das vigas principais, mas nenhuma obra de restauração havia sido executada.

O colapso desta segunda-feira soma-se a uma série de danos acumulados ao longo dos anos. Desde 1997, partes da estrutura cederam e nunca foram completamente restauradas. Marés e ressacas intensas também atingiram a plataforma em 2016, 2019 e no final de 2023, comprometendo ainda mais a estabilidade da construção.

Antes de ser interditada, a plataforma era usada principalmente para pesca e turismo, recebendo até 30 mil visitantes por ano. Em épocas específicas, era possível observar baleias da ponta do píer, o que tornava o local um atrativo diferenciado no litoral gaúcho.

O novo colapso acende o alerta sobre a falta de ações concretas para preservar estruturas históricas diante de eventos climáticos extremos, cada vez mais frequentes no Estado. Enquanto autoridades discutem responsabilidades, a força da natureza segue cobrando o preço da negligência.

Foto: David Castro / Arquivo Pessoal