Lula defende moeda alternativa ao dólar e reage a tarifaço dos EUA: “O Brasil não é uma republiqueta”
Durante discurso neste domingo, 3 de agosto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou a necessidade de o Brasil buscar alternativas ao dólar nas transações internacionais. A fala ocorre em meio à escalada de tensões com os Estados Unidos, que impuseram um tarifaço de 50% sobre cerca de 36% das exportações brasileiras.
Lula classificou como “inaceitável” o uso de motivações políticas para justificar barreiras econômicas e cobrou respeito à soberania brasileira. “Nós temos interesses econômicos e estratégicos. Nós queremos crescer. E nós não somos uma republiqueta”, disparou, durante convenção do Partido dos Trabalhadores (PT), em Brasília.
Sem citar diretamente o ex-presidente norte-americano Donald Trump, que lidera a corrida republicana à Casa Branca, Lula reagiu às recentes declarações de Trump feitas durante a Cúpula do Brics, realizada em julho no Rio de Janeiro. Na ocasião, o ex-mandatário americano ameaçou retaliar países que deixem de usar o dólar no comércio exterior, um debate que avança dentro do bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
“O dólar não pode ser uma camisa de força. Precisamos de uma moeda alternativa para negociar com o mundo. Não quero ser subordinado à moeda de ninguém”, reforçou Lula, ao defender maior autonomia financeira entre países do Sul Global.
Ainda assim, o presidente brasileiro destacou a importância do diálogo com os EUA e reiterou que o Brasil segue aberto a negociações. “O Brasil não é mais tão dependente dos Estados Unidos como foi no passado. Mas a relação diplomática é longa e merece ser preservada”, ponderou.
Segundo Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, já apresentaram propostas aos americanos. “Vamos deixar claro: as propostas estão na mesa. Se quiserem negociar, estamos prontos”, disse.
Nos bastidores, o clima entre os dois países ainda é de cautela. A Secretaria do Tesouro norte-americano já procurou o Ministério da Fazenda para iniciar conversas, e o presidente Trump afirmou na sexta-feira, 1º de agosto, que está disposto a dialogar com o governo brasileiro.
Enquanto isso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve anunciar nos próximos dias um pacote emergencial com linhas de crédito para atender empresas afetadas pelas novas tarifas. Lula, por sua vez, assegurou que o governo trabalhará para proteger empregos e setores estratégicos da economia nacional.
Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil / Reprodução
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