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Sem retorno dos EUA, Brasil amplia ofensiva diplomática contra tarifas e cobra diálogo direto


Diante do impasse nas relações comerciais com os Estados Unidos, o governo brasileiro intensificou seus esforços diplomáticos para evitar a entrada em vigor do chamado “tarifaço”, previsto para 1º de agosto. Mesmo após múltiplas tentativas de contato com Washington, o Palácio do Planalto segue sem resposta formal por parte da administração americana — o que levou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a reforçar, nesta terça-feira (30), que o Brasil não aceitará imposições unilaterais.

Durante entrevista ao jornal The New York Times, Lula criticou a postura do governo norte-americano, apontando falta de disposição para o diálogo. Segundo o presidente, houve ao menos dez reuniões com representantes do Departamento de Comércio dos EUA e o envio de uma carta oficial em maio — que, até agora, não obteve retorno direto. A correspondência foi interpretada pelo governo brasileiro como uma sinalização de desinteresse por parte de Washington.

Apesar das críticas, Lula adotou um tom conciliador e reafirmou o compromisso do Brasil com o diálogo e a negociação em pé de igualdade. “Se quiser discutir comércio, vamos sentar e discutir comércio. Mas não dá para misturar tudo”, disse, ao destacar que questões políticas internas — como as investigações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro — não devem interferir em acordos econômicos entre nações.

O presidente também demonstrou preocupação com os impactos econômicos da medida, que pode afetar produtos brasileiros em setores como o agroindustrial e manufatureiro, mas assegurou que o país buscará alternativas. “Se os Estados Unidos não quiserem comprar algo nosso, vamos procurar quem queira. Temos uma relação extraordinária com a China”, afirmou.

Paralelamente, o vice-presidente Geraldo Alckmin tem atuado como principal articulador da frente diplomática, mantendo conversas com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e propondo ampliar o comércio bilateral nos próximos anos. Uma comitiva de senadores brasileiros também se encontra em Washington nesta semana, com o objetivo de destravar as negociações.

Enquanto isso, o ex-presidente Donald Trump, favorito à nomeação republicana nas eleições americanas, reiterou que o prazo para implementação das tarifas será mantido. Em publicação na rede Truth Social, ele escreveu: “Primeiro de agosto, um grande dia para a América!!!”.

Foto: Ricardo Stuckert / PR / Reprodução

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